Mulheres com Zero-Voto podem ter candidaturas cassadas: Promotoria eleitoral de Uberaba investiga.
Em 2020, o discurso em prol da potencialização da participação feminina em processos eletivos aumentou de forma exponencial! De acordo com o site oficial do Senado Federal, 12% das prefeituras do país possuem mulheres como titulares, sendo que em 2016 esse índice representada 11,57%. Conforme o senado, “de um modo geral, a participação feminina na política já caminha para além do cumprimento da cota obrigatória de 30% reservada pelos partidos”, com base nas informações da Justiça Eleitoral, nas eleições de 2020, as mulheres representaram 33,6% do total de 557.389 candidaturas, superando o maior índice das três últimas eleições, que ficou abaixo de 32%.
No entanto, enquanto alguns indicadores oferecem horizontes de esperança para a causa da participação feminina na política, alguns fatos podem levantar algumas preocupações. Em Uberaba, cidade que fica na região sul do Triângulo Mineiro, de acordo com matéria do Jornal da Manhã (jornal local de Uberaba), duas candidatas apareceram com zero votos, após a apuração das urnas. O que faz pelo menos pensar da seguinte forma: “Ora, qual foi o motivo das duas candidatas participarem das eleições em 2020, se nem mesmo as próprias candidatas votaram nelas mesmas?”.
De acordo com matéria do jornal Estado de Minas, o Ministério Público de Minas Gerais, por meio da Promotoria Eleitoral, iniciou uma investigação para apurar uma suposta fraude, ou seja, se as mulheres foram inseridas nas chapas apenas para preencher a cota de gênero legal (30%). Durante o depoimento de uma das candidatas, foi dito aos promotores que “a mulher não sabia sequer o seu número de registro como candidata na Justiça Eleitoral, muito menos o nome do seu partido”. Pelo menos ela foi sincera. Uberaba está incluída da lista de cidades com mulheres à frente das prefeituras, em 2020, o voto popular democrático elegeu Elisa Araújo (SDD) prefeita, e infelizmente na mesma cidade casos como esse das candidatas Zero-Voto acabam sendo o calcanhar de Aquiles da habituação da igualdade de gêneros nos meios decisórios. O desfecho do caso que ainda está em aberto será acompanhado e divulgado.
A sociedade brasileira tem um histórico de lutas travadas em defesa da participação da mulher na política, desde a primeira bancada feminina, que foi chamada de “bancada do batom”, até os dias atuais, centenas de pautas foram elencadas por mulheres políticas de todo o país, porém, o site Politize destaca que, de acordo com o Inter-Parliamentary Union, o Brasil registra um dos piores índices da América Latina, estando em terceiro lugar na lista de menos representativos, apesar de mais da metade dos eleitores serem mulheres (51%). Casos como o da cidade de Uberaba, podem oferecer uma sensação permanente de dúvida em torno do que realmente as mulheres podem oferecer a um processo eleitoral e, sobretudo, às cadeiras que elas pleiteiam.