Polícia

Professora joga água em criança autista que chorava em creche

Uma professora foi conduzida à delegacia após ser flagrada jogando água de um balde em uma criança autista no Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Integração, em Uberaba. A situação, registrada em vídeo na tarde de segunda-feira (19), é apurada pela Prefeitura.

Segundo a Polícia Militar (PM), o vídeofoi gravado por uma testemunha que contou que ouviu por vários dias um choro vindo da creche, que parecia ser sempre da mesma criança. A professora disse para a PM que o menino estava em crise e que estava dando banho nele para acalmá-lo.

Relato dos pais

O pai contou aos militares que buscou o filho na escola, mas ficou sabendo só depois do caso, quando a ex-mulher, mãe do menino, mostrou para ele o vídeo. Em seguida, ele voltou para o Cemei e mostrou o vídeo para a diretora, que prometeu averiguar o ocorrido.

O homem disse que, por diversas vezes, o filho chegou da escola com alguns hematomas pelo corpo, sendo que a maioria era descrita em um relatório, porém, às vezes, havia mais do que o registrado.

A mãe explicou que ficou sabendo da situação após a testemunha que gravou o vídeo procurá-la para mostrar as imagens.

Segundo ela, é comum o menino sair da creche “bastante nervoso, irritado e com hematomas”. A mulher completou que, devido ao autismo, o filho apresenta crises nervosas e que, para acalmá-lo, o abraça e dá um banho quente – informação que foi repassada para as funcionárias do Cemei.

Relato da profissional

À PM, a professora que aparece no vídeo disse que o menino é muito nervoso e agressivo e que, diversas vezes, fica machucada durante as crises dele, mas que “nunca ou em hipótese alguma faria algo para machucá-lo”.

Sobre o ocorrido, ela relatou que o menino estava bastante agitado e, no momento de dormir, estava em crise e se recusou a deitar.

A professora disse que tentou deitar com ele, mas não conseguiu e, durante esse processo, ele acabou urinando. A profissional foi procurar roupas na bolsa dele, mas não encontrou.

A funcionária afirmou que levou a criança para a área externa do Cemei para dar banho nele e acalmá-lo. Ela explicou que não dá banho nele no banheiro, pois tem medo que ele quebre o vidro do box e fique ferido de forma mais grave.

O que diz a diretora e a Prefeitura

A diretora disse que, na segunda-feira, o remédio do menino não foi dado no horário certo, pois não havia medicamento na mochila dele.

O pai afirmou que se esqueceu de deixar em um primeiro momento, mas voltou mais tarde, após ser solicitado, para deixar o remédio.

Para a PM, a diretora ainda contou que há vários casos de crianças com autismo na unidade e que o menino envolvido da história tem o caso mais severo.

Além disso, ela firmou que sempre avisa os pais em caso de crises e tira fotos para registrar os hematomas.

A Secretaria de Educação de Uberaba afirmou em nota que apura a denúncia de maus-tratos.

“O titular da Pasta, secretário Celso Neto, esteve no local e colocou a Semed à disposição da família do aluno. Procedimento será aberto para adoção das medidas administrativas cabíveis”.

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