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Especial 203 anos: TRADIÇÃO DO ESPIRITISMO ATRAI MILHARES

O médium espírita Chico Xavier morreu (desencarnou, como preferem os espíritas) em 30 de junho de 2002. Em vida, ele arrastava caravanas de todo o País, frequentadores da casa que abriga o Grupo Espírita da Prece, na avenida João XXIII, Parque das Américas. Após sua morte, o espaço segue com reuniões para estudos e passes. Além desse local, a residência do médium (rua Dom Pedro I, 165, Parque das Américas) passou a ser a Casa de Memórias e Lembranças Chico Xavier, e recebe visitantes.

Além da casa onde viveu Chico Xavier, também pode ser visitado o Memorial Chico Xavier, localizado no Parque das Américas, junto à Mata do Carrinho. Mais de 30 mil pessoas de 20 países diferentes já assinaram o livro de presença do Memorial depois da abertura ao público, em setembro de 2016.

O espaço é gerenciado pela Prefeitura, por meio da Fundação Cultural, e passa por revitalização e a expectativa após as intervenções é ambiciosa: 100 mil visitantes por ano. A proposta é fazer com que o Memorial ganhe maior amplitude e o legado de Chico Xavier estoure em atrativo turístico.

Na opinião do coordenador dos museus da Prefeitura, Carlos Vitor Silveira de Souza, os números traduzem o alcance da projeção mundial do espiritismo e da memória do médium. “Passaram pelo Memorial, além dos visitantes brasileiros, turistas dos Estados Unidos, Alemanha, França, Portugal, Holanda, Canadá, Espanha, Paraguai, México, Venezuela, Japão, Colômbia, Uruguai, Peru, Inglaterra, Itália, Polônia, Argentina, Chile e Hungria”.

O COMEÇO DE TUDO NA EUROPA

Tudo começou no século 19, quando um fenômeno agitou a Europa: as mesas girantes. Contam os livros de História que em salões elegantes, após os saraus, as mesas eram alvo de curiosidade e de extensas reportagens, pois moviam-se, erguiam-se no ar e respondiam a questões mediante batidas no chão (tiptologia).

O fenômeno chamou a atenção de um pesquisador sério, discípulo do célebre Johann Pestalozzi: Hippolyte Leon Denizard Rivail. Rivail, pedagogo francês, fez centenas de perguntas aos Espíritos, analisou as respostas, comparou-as e codificou-as, tudo submetendo ao crivo da razão, não aceitando e não divulgando nada que não passasse por essa triagem. Assim nasceu O Livro dos Espíritos. O professor Rivail imortalizou-se adotando o pseudônimo de Allan Kardec.

A doutrina que Kardec moldou na França encontrou no Brasil seu solo mais fértil e, em Uberaba, o médium Chico Xavier, eminência do espiritismo até hoje. Chico Xavier desembarcou em Uberaba em 1959. “Sua obra psicografada e exemplo de vida ampliaram e ilustraram os conceitos estabelecidos por Kardec, sendo responsáveis diretos pelas atuais dimensões da doutrina no Brasil”, avalia o geógrafo e pesquisador Frederico Garcia Cunha, da Universidade Federal de Uberlândia, no estudo científico “A Geografia da Religião e o Caso do Espiritismo em Uberaba” (2000).

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