Internacional

Brasil e China querem banir dólar do negócio

Mariana Sanches

Enviada da BBC News Brasil a Pequim

Brasil e China deram mais um passo para aprofundar sua cooperação comercial – e para excluir uma possível influência americana nos negócios entre os dois países.

Na manhã desta quarta (29/3), os dois países anunciaram a criação de uma “Clearing House” (ou Câmara de compensação), uma instituição bancária que permita o fechamento de negócios e a concessão de empréstimos entre os dois países sem que o dólar americano tenha que ser usado para viabilizar a transação internacional.

O ICBC (Banco Industrial e Comercial da China, na sigla em inglês), é o banco que operará a clearing house no Brasil para permitir que empresários brasileiros e chineses possam fazer transações comerciais e empréstimos em yuan, e não apenas em dólar, como acontece hoje entre os dois países.

Como se trata de uma grande instituição financeira chinesa, o banco seria capaz de garantir aos empresários brasileiros a conversão imediata de seus ganhos em real, caso eles decidam fechar negócios em yuan.

“É uma opção de compensação do yuan para uma moeda local, existem 25 assim no mundo, e corta custos de transação porque não passa pelo dólar”, afirmou a secretária de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito.

Nos últimos 13 anos, a China é a maior parceira comercial do Brasil – em 2022, o volume de transações entre os dois países atingiu o recorde de US$150 bilhões. Na balança comercial, o Brasil tem superávit de US$ 29 bilhões, embora as vendas para a China sejam esmagadoramente de commodities, enquanto o país asiático exporta ao Brasil produtos de maior valor agregado. Os chineses querem diminuir essa distância e este foi um dos motivos para apresentarem a demanda ao Brasil, que vinha sendo negociada em etapas nos últimos meses.

“O Brasil firmou acordo para pagamento em yuan, o que facilita muito o nosso comércio. Vamos trabalhar ainda mais no setor de alimentos e minérios, vamos buscar possibilidade de exportação de mercadorias de alto valor agregado da China ao Brasil e do Brasil para a China”, afirmou Guo Tingting, vice-ministra de comércio da República Popular da China durante o Fórum de Negócios Brasil China, realizado em Chaoyang, bairro nobre da capital chinesa.

No evento, que reuniu mais de 500 empresários, Tingting citou a mineradora Vale e o frigorífico JBS como “empresas brasileiras excelentes” que atuam na China.

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