Centro de capoeira é atacado com bananas jogadas por cima de muro em Uberaba: ‘A que ponto chega a intolerância’, diz mestra
Centro Cultural de Capoeira Águia Branca, no Bairro Fabrício, foi alvo do ataque na noite da última sexta-feira (11). Adolescente foi atingida no braço por uma das frutas; boletim de ocorrência foi registrado.
Capoeiristas que ensaiavam para uma apresentação teatral dentro do Centro Cultural de Capoeira Águia Branca, no Bairro Fabrício, em Uberaba, foram atacados com bananas jogadas por cima do muro da instituição. Um vídeo gravado pela presidente do centro, Núbia Nogueira, mostra as frutas caídas no chão.
O caso foi registrado na sexta-feira (11). Ao g1, a responsável pelo centro, a Mestra “Puma” Núbia Nogueira, informou cerca de 50 pessoas, entre crianças, adolescentes, pais de alunos, professores e uma assistente social, estavam no local.
Segundo Núbia, uma aluna foi atingida no braço por uma das bananas. A menina não se feriu, mas ficou emocionalmente abalada.
“A que ponto chega a intolerância, o racismo, em plena atualidade, em que todo mundo sabe que isso é racismo”, afirmou a mestra em outro vídeo.
Núbia informou ainda que registrou um boletim de ocorrência junto à Polícia Militar (PM) nesta segunda-feira (14), mas ainda não se sabe quem atirou as bananas.
“Ficamos muito indignados, porque estamos promovendo a formação social, essas crianças poderiam estar nas ruas, vulneráveis a todo quanto é tipo de coisas ruins, criminalidade, drogas. Mas estão lá dentro, aprendendo cultura, aprendendo sobre a história do nosso país. Não compreendemos como pode ter pessoas capazes de fazer isso”, completou a presidente.
De raízes afro-brasileiras, a roda de capoeira foi considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2014. Conforme o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a roda de capoeira expressa a história de resistência negra no Brasil, durante e após a escravidão.