Delegado da PF em Uberaba rebate comentário preconceituoso de vizinho
No local residem dois suspeitos, alvos de mandados cumpridos pela PF de Uberaba; os investigados teriam financiado os atos golpistas, em Brasília
“Preconceito horroroso e inaceitável em qualquer tempo e lugar achar que só existe criminoso em favela e que o tráfico de drogas é a única mazela social que caracteriza a miséria da segurança pública em nosso país”. Foi dessa forma que o delegado-chefe da Polícia Federal em Uberaba, Mário Alexandre Veloso Aguiar, respondeu a um vizinho do prédio onde mora, que havia dito que policiais não estavam indo atrás de “bandido e traficante” nem “entrando em favela”.
O comentário do vizinho evidencia a insatisfação dele com a investigação da polícia a dois suspeitos de terem ajudado a financiar os atos terroristas do dia 8 de janeiro em Brasília e que são moradores do condomínio.
A resposta de Aguiar veio por meio de um ofício atualizado nesta segunda-feira (20/3) voltado aos condôminos do local onde ele reside, na zona urbana do município do Triângulo Mineiro. Ele destacou no início do documento que, diante do desencadeamento da 8ª Fase da Operação Lesa Pátria, vem a público esclarecer alguns fatos que, segundo ele, têm sido distorcidos nas redes sociais. “Principalmente no condomínio residencial onde moro, onde também residem dois alvos, objeto dos mandados cumpridos pela Polícia Federal”, complementa.
“A Polícia Federal vai continuar combatendo os crimes de sua atribuição onde eles ocorrerem, independentemente de classe, posição ou poder econômico/político de seus alvos, velando sempre pela qualidade da prova e respeito aos direitos humanos”, ressalta.
“Estão confundindo a autoridade policial (…) com seu vizinho de condomínio.”
Investigações
O delegado esclarece que a investigação que deu origem à fase da Operação Lesa Pátria, na circunscrição da Delegacia de Polícia Federal em Uberaba, tem como objeto os atos ligados aos ataques golpistas ocorridos na Praça dos 3 Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro deste ano. “Trata-se de uma investigação que gerou medidas cautelares, necessárias à preservação de provas, fundamentadas elementos robustos de convicção e provas contundentes, muitas vezes produzidas espontaneamente pelos próprios investigados”, disse.
“Assim, muitos dos gravíssimos atos praticados pelos investigados, embora numa avaliação isolada e simplista pareçam irrelevantes, quando inseridos e associados aos movimentos antidemocráticos que recrudesceram após o primeiro turno das eleições presidências de 2022 demonstraram relação causal e motivadora na radicalização violenta e criminosa, demonstrada nos atos golpistas desencadeados em Brasília, no dia 8/1/2023”, completou.