Polícia

Funepu apresenta notícia-crime contra vereador e assessores por vídeo em UPA

A Fundação de Ensino e Pesquisa de Uberaba – Funepu, apresentou nessa sexta-feira uma notícia-crime contra o vereador Professor Wander Araújo (PSC) e dois assessores parlamentares, incluindo o ex-vereador e atual chefe de gabinete do parlamentar Thiago Mariscal. O documento, entregue na Promotoria de Justiça Criminal, denuncia e pede providências, entre elas a instauração de inquérito criminal para apuração de responsabilidade penal. O pedido refere-se à conduta dos denunciados na noite de terça-feira (16), quando o grupo esteve na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro São Benedito e realizou transmissões ao vivo em redes sociais.

“A presença do vereador, como também de seus assessores, nas unidades geridas pela Fundação já é rotina e não vemos problema nessa questão, até mesmo quando percebemos questões políticas pessoais se sobressaindo ao interesse público. A função fiscalizadora de um legislador é legítima e tem nosso apoio até mesmo enquanto cidadãos, e está resguardada em contrato com o município, mas dentro do princípio da razoabilidade. O que não podemos, e não iremos aceitar de forma alguma, é desrespeito aos nossos colaboradores, que publicamente estão trabalhando em condições ainda mais exaustivas neste momento de pandemia, como também ações que possam colocar em risco e expor publicamente os pacientes que buscam atendimento nas Unidades. É desrespeitoso, é apelativo e é um crime”, destaca o advogado Silvano Lacerda, membro do departamento jurídico da Funepu, ressaltando, ainda, que entre as denúncias elencadas na peça estão “infração de medida sanitária, crime de perturbação do trabalho, perigo para a vida e saúde de outrem e exercício arbitrário das próprias razões da função institucional”.

Vale destacar que, durante a presença do vereador e de seus assessores na UPA São Benedito, além da transmissão ao vivo nas redes sociais, o grupo invadiu consultórios médicos durante atendimentos e transitou por diferentes áreas da unidade, passando pela ala exclusiva para tratamento da Covid-19 e retornando para áreas comuns, sem nenhum tipo de higienização básica, em um fluxo que não é permitido nem mesmo para os colaboradores da unidade. O parlamentar e sua equipe ainda abordaram pacientes na sala de espera, deixando muitos visivelmente constrangidos, em uma conduta que “causa risco aos pacientes e forte impacto emocional na equipe responsável pelos cuidados e tratamentos”.

“A pandemia instaurou uma rotina nas unidades ainda mais intensa do que em outros momentos. Imagine, então, você ser um profissional de Saúde que, após um desgastante plantão se expondo a essa nova doença e lutando para salvar vidas, é abordado com palavras de baixo calão, em questionamentos desrespeitosos e descabidos. Tudo isso vai contra o importante trabalho que a instituição tem feito de valorização e incentivo a esses profissionais”, diz o advogado.

Importante destacar ainda que toda movimentação foi realizada após as 20h, quando a regra do toque de recolher, imposta pelo atual decreto municipal em consonância com a onda roxa já estava valendo.

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