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Hospital da Rede Ebserh em Uberaba participa de estudo que pode transformar tratamento pós-AVC no mundo

O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), vinculado à Rede Ebserh, participa de um estudo multicêntrico internacional sobre a dose ideal de mobilização do paciente afetado pela fase aguda do Acidente Vascular Cerebral (AVC). O estudo do The Florey Institute, chamado Avert Dose, acompanhará mais de 2.500 pacientes em mais de 50 hospitais na Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Índia, Taiwan, Cingapura, Malásia e no Brasil. No HC-UFTM, são incluídos no estudo todos os pacientes que chegam ao pronto-socorro e se enquadram nos critérios pré-estabelecidos pela pesquisa.

O principal objetivo do estudo é identificar o melhor programa de treinamento de mobilidade precoce para pessoas com AVC isquêmico (ou seja, causado por um coágulo sanguíneo no cérebro) de gravidade leve e moderada. A ideia é testar protocolos de tratamento baseados em mobilidade para determinar a abordagem ideal para a melhor recuperação dos pacientes através de uma reabilitação com fisioterapeutas e enfermeiros. A iniciativa foi desenvolvida pela professora Julie Bernhardt e detalhes científicos completos do protocolo do estudo estão disponíveis no Australian New Zealand Clinical Trials Registry.

O ambulatório do HC-UFTM, em 2022, atendeu 317 pacientes que tiveram AVC, e nos primeiros meses de 2023 já foram realizados 52 atendimentos. Pacientes foram recrutados em todo o mundo desde 2019, mas o Brasil interrompeu o procedimento em 2020, devido à pandemia de covid-19. Em fevereiro de 2022 o estudo foi retomado com início do processo no Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre/RS. O segundo paciente foi inserido no estudo pelo Hospital das Clínicas da Unesp em Botucatu/SP e o terceiro foi no próprio HC-UFTM em Uberaba/MG.

Como a pesquisa é realizada

Gustavo Luvizoto, pesquisador e professor do Departamento de Fisioterapia da UFTM, explica que, passadas 24h do AVC, o paciente que está na pesquisa já pode iniciar a reabilitação. A pesquisa é randomizada em diferentes doses de mobilização com uma equipe multidisciplinar dentro do Hospital de Clínicas que reúne fisioterapeutas, enfermeiros e neurologistas. O estudo define o grupo em que o paciente vai ser inserido e o acompanha até seis meses depois da alta hospitalar no Ambulatório Maria da Glória, que faz parte do HC-UFTM.

Segundo Luvizoto, “é um estudo que vai mudar a realidade de como o paciente com AVC é atendido. Temos percebido que aqueles que começam a fazer exercício precocemente (24h após o acidente) têm alta muito melhor do que os que não fazem nada”. O professor afirma, ainda, que o estudo dá indícios de que a mobilização precoce pode permitir uma alta com mais qualidade, menor tempo de internação, menos complicações e mais independência ao paciente, gerando menos custo para o hospital e para a família.

Importância da pesquisa para o mundo

Luciane Sande de Souza, fisioterapeuta e professora que também participa da pesquisa, enfatiza que o processo de internacionalização que o HC-UFTM está participando é uma oportunidade ímpar para que o hospital mostre sua capacidade de oferecer serviço assistencial e estrutura de excelência para receber pacientes que tenham sofrido um AVC. De acordo com a pesquisadora, o Avert Dose é uma continuação do estudo Avert, que traz o que existe de melhor e mais atual em assistência no mundo para pacientes que sofreram acidente vascular cerebral.

“Conseguimos projetar o HC-UFTM em nível mundial porque, quando o estudo terminar, poderemos determinar o melhor protocolo para ser implementado em todos os hospitais do planeta. A conclusão desse estudo vai melhorar o processo de recuperação dos pacientes com AVC em longo prazo, minimizando sequelas e dando muito mais qualidade de vida para todos eles”, destaca a professora. Ela alerta ainda que, com a conclusão do estudo, será importante aumentar o número de unidades de AVC no Brasil, para que ainda mais pessoas tenham acesso ao tratamento com excelência.

Estudantes de pós-graduação da UFTM participam da pesquisa

No hospital, os alunos de pós-graduação do mestrado e doutorado da UFTM auxiliam na avaliação inicial dos pacientes com AVC que chegam ao pronto socorro. Eles determinam se o paciente reúne as condições necessárias para participar do estudo e realizam testes motores cognitivos para verificar a gravidade do quadro. Após confirmar a participação no estudo, os estudantes são responsáveis por realizar sessões de fisioterapia com foco na mobilização precoce: exercícios com o paciente sentado, em pé ou durante locomoção. Essas sessões variam em número e tempo de acordo com o grupo da pesquisa em que o paciente foi inserido de forma aleatória.

O doutorando Eduardo de Moura Neto participa da pesquisa e destaca a importância da iniciativa para ele enquanto profissional da saúde: “Esse estudo tem sido uma experiência fantástica para nossa formação, pois é a primeira vez que faço parte de um estudo multicêntrico em parceria com diversos países. Nós, alunos da pós-graduação, precisamos nos envolver mais nesse tipo de estudo, pois abrem portas para novas parcerias e melhoram o serviço onde são aplicados”, afirma.

Sobre a Ebserh:

O HC-UFTM faz parte da Rede Hospitalar Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.

Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, a os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Hospitalar Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.

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