Uberaba 202 anos: conheça o Mercado Municipal, um dos cartões postais da cidade

A primeira sede do Mercado Municipal de Uberaba ficava no alto do rosário, na Rua Alegre, atual Rua Dr. Lauro Borges, onde se ergueu o prédio do Fórum Melo Viana, sendo demolido em 1912.

Entre 1914 a 1915 foi instalado, provisoriamente, no prédio localizado na esquina da Praça Manoel Terra com a Rua Padre Jerônimo. Em 1924, a sede definitiva foi inaugurada no mesmo local.

Mercado Municipal de Uberaba em 1924 — Foto: Reprodução/TV Integração

Os boxes comercializam carnes, queijos, frutas, doces, peixes, artigos religiosos, artigos de pesca e hortaliças, além de bares e produtos artesanais.

A arquitetura eclética, estilo inglês, aparece em muitos detalhes dos 1.400 metros quadrados da construção em forma de octógono.

Ponto de encontro para uma boa prosa mineira, o prédio abriga um dos espaços mais democráticos de Uberaba, bastidor de encontros políticos e um lugar para fechar negócios.

Da gastronomia aos patuás

Quem visita o Mercado Municipal de Uberaba não pode ir embora sem experimentar os tradicionais pastéis e doces.

“A família que vem de fora a gente traz aos domingos de manhã. A gente não cansa de ver isso aqui. Entramos numa galeria, damos a volta, principalmente quando tem pessoas de fora”, contou o aposentado Juarez Silva, acompanhado da esposa Ana Silva.

Ana Silva e Juarez Silva visitam o Mercado Municipal de Uberaba frequentemente — Foto: Reprodução/TV Integração

Da gastronomia aos patuás, o Mercadão é um mais que um cartão postal para Raymundo de Souza, comerciante com um dos boxes mais místicos do local. Ele vende produtos religiosos e turísticos diversificados, farinha de mandioca e velas, por exemplo.

“Isso aqui, para mim, é um sacerdócio. O Mercado Municipal de Uberaba é o verdadeiro ponto turístico, genuíno. E graças ao celular, eu atendo qualquer um em qualquer língua. Às vezes não entendo o que o ‘camarada’ está pedindo, e peço a ele para escrever no celular na língua dele e uso o recurso tecnológico para traduzir e vender”, afirmou.

Comerciante Raymundo de Souza — Foto: Reprodução/TV Integração

A maior liderança espírita no Brasil também foi acolhida nos corredores do Mercadão, como conta o comerciante Lauro Azevedo dos Santos.

“Chico Xavier vinha aqui. Tinha uma senhora que tinha um comércio e eles falavam que eram irmãos de outra vida. Chico vinha aqui todo fim de semana, comprava uma caneca de louça e dava para ela. Quando Chico era vivo, isso aqui aos fins de semana era uma festa”, relembrou.

Nesta época, Lauro era só uma criança. Hoje é o permissionário mais antigo em atividade.

“Meu pai começou em 1941, vendendo frutas, e foi mudando aos poucos e passou para um bazar. Aos 7 anos de idade, comecei a trabalhar com ele. Atualmente tenho 77 anos e agora tenho meu filho para continuar a sequência”, disse.

Comerciante Lauro Azevedo dos Santos — Foto: Reprodução/TV Integração

Pelé, o craque das entregas

Mas falar do Mercado Municipal sem falar de Benedito Sebastião de Sousa Coelho, o Pelé, craque das entregas, é quase impossível.

Em décadas de trabalho na companhia da bicicleta, só parou duas vezes: por causa de um acidente, e mais recentemente, forçado pela pandemia da Covid-19.

Pelé, entregador do Mercado Municipal de Uberaba — Foto: Reprodução/TV Integração

“Comecei a trabalhar no Mercadão aos 15 anos, em 1965. Até 1972, fazia entrega a pé. Em 1973, aprendi a andar de bicicleta já ‘velho’, aos 23 anos. Em fevereiro de 2022, completei 50 anos de ciclista. Em 2021, completei 56 anos como entregador ambulante”, contou.

A simpatia conquistou a admiração de muita gente, mas foi a honestidade que fez do ciclista mais popular do Mercado, um patrimônio de toda cidade.

“Em todos esses anos fazendo entrega, agradeço a Deus por viver a vida, pela luta, pela saúde e alegria. O Mercado Municipal sem Pelé não é Mercado”, disse o entregador.

Pelé, entregador do Mercado Municipal há 56 anos — Foto: Reprodução/TV Integração