França insurge contra reforma da previdência

Há semanas, a França tem sido abalada por uma série de greves e protestos cada vez maiores contra a controversa lei previdenciária do governo de Emmanuel Macron. Na quinta-feira (23/3), mais de 1 milhão de pessoas saíram às ruas em todo o país, segundo dados do Ministério do Interior. Uma das principais confederações de trabalhadores, a CGT, estimou esse número em 3 milhões. Em Paris, onde as manifestações geralmente são pacíficas, cerca de 120 mil protestaram.

Franceses não aceitam perdas

O principal objetivo da nova lei previdenciária é aumentar gradualmente a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030. O aumento ocorrerá com base em incrementos de três meses por ano, a partir de setembro de 2023.

A última vez que a idade de aposentadoria na França foi alterada foi em 2010, antes da qual era de 60 anos.

A idade mínima de aposentadoria pelo sistema público de Previdência é menor na França que em outros países da Europa, como Itália (67), Reino Unido (66) e Espanha (65).

A reforma francesa também prevê, para 2027, a exigência de contribuir 43 anos para obter o benefício, em vez de 42 anos.

Além disso, a nova lei elimina os privilégios de aposentadoria de alguns funcionários do setor público, como os trabalhadores do metrô de Paris.

A resistência à nova lei tornou-se ainda mais forte depois que o governo forçou em 16 de março sua aprovação contornando a Assembleia Nacional – a câmara baixa do Parlamento – onde não tem maioria absoluta.

Macron diz que a reforma da previdência é uma forma “impopular, mas necessária” de garantir o futuro do sistema previdenciário do país.

Segundo o presidente, a medida é crucial para evitar o colapso do generoso sistema previdenciário da França e para garantir que os cidadãos mais jovens não assumam o ônus de financiar as gerações mais velhas.

Os oponentes, no entanto, argumentam que a medida afetará desproporcionalmente os trabalhadores braçais, que têm maior probabilidade de começar a trabalhar em uma idade mais jovem e ter empregos fisicamente mais exigentes do que executivos e profissionais autônomos.

Paris, cidade de luz e lixo

Imagens de ruas em Paris repletas de lixo viraram cena comum nas últimas semanas. Moradores relatam que a situação atrai ratos, aumentando o receio de um problema de saúde pública.

O acúmulo de lixo nas ruas da capital francesa vem ocorrendo desde que garis entraram em greve, no início de março, contra mudanças nas regras de aposentadoria.

A greve nacional envolve várias outras categorias e já atingiu aeroportos, escolas e refinarias de petróleo da França. Os trabalhadores protestam contra o aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos defendido pelo governo de Emmanuel Macron.

Para os agentes de limpeza pública, a reforma da Previdência prevê que a idade mínima para a aposentadoria passe de 57 para 59 anos. (Veja abaixo mais detalhes sobre as mudanças nas regras de aposentadoria)

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