Adesão da Finlândia a Otan aumenta tensão com a Russia

A fronteira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) com a Rússia dobrou em extensão nesta semana, para 2.600 quilômetros, com o ingresso da Finlândia na aliança militar. O 31º e novo membro tem uma fronteira de 1.340 quilômetros com a Rússia, no norte da Europa. Do Mar de Barents, no norte, até o Golfo da Finlândia, no sul, essa fronteira praticamente desprotegida passa sobretudo por florestas e é pouco habitada. O anúncio do ingresso da Finlândia na Otan foi feito nesta segunda-feira pelo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e será oficializado numa reunião de cúpula dos ministros do Exterior da aliança, em Bruxelas. A adesão da Finlândia à Otan é um grande revés para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, que tem como uma de suas prioridades impedir a expansão da aliança militar ocidental. “O Kremlin queria menos Otan, mas vai ter justamente o contrário”, destacou Stoltenberg.

Exército de ponta

Detalhes da integração da Finlândia à Aliança Atlântica ainda não foram acertados, até porque um novo governo está em formação no país. Resta saber, por exemplo, se haverá militares de outros países-membros em território finlandês ou se o governo vai aceitar que bombas nucleares sejam estacionadas no país. A Otan considera que os militares finlandeses não necessitam de ajuda para proteger suas fronteiras. O serviço militar é obrigatório na Finlândia, que tem cerca de 24 mil militares na ativa e 900 mil na reserva. Se necessário, Exército, Marinha e Aeronáutica teriam imediatamente 280 mil homens e mulheres aptos para o combate.  Esse é um número relativamente grande para uma população de 5,5 milhões de pessoas. “A Finlândia não reduziu seus investimentos nas Forças Armadas com o fim da Guerra Fria“, observou o secretário-geral da Otan. Stoltenberg salientou que o novo membro fortalece a aliança. A Aeronáutica finlandesa, por exemplo, vai contribuir com 60 modernos aviões de caça para a proteção do território da Otan. Os militares finlandeses estão no mesmo nível dos da Otan e podem ser imediatamente integrados, afirma a aliança.

Rússia reage

Mesmo como país neutro ao longo de décadas, a Finlândia manteve um elevado contingente militar, com base na experiência da Guerra de Inverno de 1939/40, diz o especialista em Defesa Jacob Westberg. Na época, a Finlândia perdeu para a União Soviética 10% do seu território. Em Moscou, o vice-ministro do Exterior, Alexander Grushko, anunciou que, em resposta ao ingresso da Finlândia na Otan, a Rússia vai aumentar sua presença militar no noroeste do país.

“É um novo agravamento da situação. A expansão da Otan é um atentado à nossa segurança e aos nossos interesses nacionais”, afirmou a presidência russa, por sua vez. “Isso nos obriga a adotar contramedidas.”

Especialistas avaliam que a iminente troca de governo na Finlândia, depois da derrota dos social-democratas, não deverá ter qualquer efeito no ingresso do país com a Otan, já que essa questão é consensual entre os partidos políticos.

“A política da Finlândia para a Rússia vai se basear cada vez mais na dissuasão em detrimento do diálogo”, comenta a especialista em segurança Minna Alander, em entrevista à Redaktionsnetzwerk Deutschland, a redação conjunta de vários jornais regionais alemães.Leia Mais- https://www.dw.com/pt-br/fronteira-da-otan-com-a-r%C3%BAssia-dobra-com-ingresso

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