Hospital em Uberaba realiza captação múltipla de órgãos e tira seis pessoas da fila de transplante

Coração, fígado, rins e córneas de uma jovem de 26 anos foram doados após autorização da família

O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM/Ebserh) em Uberaba, realizou uma captação múltipla de órgãos e tecidos, na última terça-feira (12), que tirou seis pessoas da fila de transplante. Além do trabalho de sensibilização, a ação foi possível graças à solidariedade da família de uma jovem, que, com 26 anos, teve morte encefálica diagnosticada, após sofrer um atropelamento.

Coração, fígado, dois rins e duas córneas foram transplantados em pacientes em hospitais do interior mineiro, numa operação que mobilizou vários profissionais inseridos no processo da captação, passando pelo transporte até a cirurgia. A ação teve um significado ainda maior por ocorrer na vigência da campanha Setembro Verde, que conscientiza e incentiva a sociedade sobre a importância da doação de órgãos e tecidos.

“O coração da jovem doadora já foi transplantado e está batendo em Itajubá; os rins e o fígado foram para pacientes em Uberlândia e as córneas serão transplantadas aqui no HC-UFTM”, explica o coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott), Ilidio Antunes Júnior, que montou a comissão há 28 anos. Ele acredita que, desde então, mais de mil famílias tenham sido entrevistadas pela comissão para a sensibilização sobre a doação de órgãos.

A Cihdott é uma comissão intra-hospitalar formada por equipe multiprofissional da área de saúde, que tem a finalidade de organizar no âmbito da instituição, rotinas e protocolos que possibilitem o processo de doação de órgãos e tecidos para transplantes. O objetivo é acolher as famílias e realizar as entrevistas, informando sobre o direito de serem doadores, além de esclarecer sobre todas as dúvidas que a família possa ter sobre o assunto.

Segundo ele, o HC-UFTM tem uma taxa baixa de negativa familiar, fruto de um trabalho constante focado na humanização, no acolhimento e na atenção às famílias enlutadas, que, muitas vezes, não estão preparadas para esse tipo de conversa. “A média brasileira de negativa familiar é de 60%; a nossa aqui no HC-UFTM é de 30%. Acho que o segredo é o compromisso com o ser humano, é abraçar as pessoas e conversar com elas olho no olho”, destaca Ilidio Antunes, que é clínico médico e intensivista há 48 anos.

Uma tia da jovem doadora explicou que a família, mesmo em luto, fez questão de pensar em outras famílias neste momento. “O que fez a mãe aceitar foi pensar que a filha não vai mais precisar, mas outras pessoas precisam desses órgãos e ela não queria deixar outra mãe chorando e passando por esse sofrimento como ela está”, afirmou.

Considerando dados até o dia 13 deste mês, o HC-UFTM já captou 69 órgãos e tecidos neste ano, abrindo a possibilidade de bater o seu recorde de captações, alcançado no ano passado, com 106 captações. O hospital capta todos os órgãos e tecidos e realiza transplante de rim (intervivos e com doador falecido), de medula óssea, válvula cardíaca, tecidos oculares e tecidos ósseos.

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